Perspectivas de HFOF11

Nasp Natura - Empreendimento do fundo PQAG11 ao qual o HFOF11 possui participação relevante

A POSTAGEM NÃO TEM INTUITO DE RECOMENDAR COMPRA OU VENDA DO ATIVO CITADO E O LEITOR DEVE TOMAR SUA PRÓPRIA DECISÃO DE ACORDO COM SEUS ESTUDOS PESSOAIS, SENDO QUE ESSA POSTAGEM É UMA JUNÇÃO DE FATOS DE RELATÓRIOS GERENCIAIS DISPONIBILIZADOS NA PÁGINA DO FUNDO E OPINIÃO PESSOAL DO AUTOR, A IDEIA É APENAS INFORMAR E COMPARTILHAR CONHECIMENTO.

OS DADOS USADOS PARA A POSTAGEM REPRESENTAM INFORMAÇÃOS PÚBLICAS DA DATA DE 18/04/2021 E TODOS OS NÚMEROS SÃO BASEADOS NO FECHAMENTO DE MERCADO DESTA DATA.

O assunto do post de hoje é o fundo Hedge Top FOFII 3 (HFOF11).

O fundo possui como gestora a Hedge Investments, fundada entre o ano de 2016 e 2017, sendo que hoje contém ativos 15 fiis em gestão e 4 fundos que foram incorporados e/ou encerrados. Vale a menção que a gestora possuía outros dois fundos de fundos que acabaram sendo incorporados pelo próprio Hedge Top e serão abordados no decorrer do artigo.


Gráfico de quantidade de FII por seu tipo da gestora

A categoria ao qual o fundo faz parte é de ser um fundo de fundos, ao qual tem como objetivo selecionar os melhores pagadores e poder ter ganhos de capital no processo de venda de cotas. O fundo vem sendo negociado pela cota de R$ 100,38 e possui um valor patrimonial de R$ 96,42 por cota, assim possui 1,04 de p/vp. Sua taxa de adm é de 0,60% ao ano sobre o pl ou o valor de mercado com uma taxa de performance de 20% do que exceder o IFIX semestral. O último yield pago foi de 0,56% para o mês de abril e 7,72% no acumulado dos últimos 12 meses.
Ainda relacionando com o IFIX, o fundo demonstrou uma análise de seu retorno desde o lançamento com o índice.

Gráfico comparativo de 37 meses

Neste gráfico foi montada uma carteira teórica do ifix e comparado o rendimento que essa carteira teria com os rendimentos que o HFOF11 entregou, esse acumulado é trimestral. Observa-se que em metade dos trimestres o fundo ficou abaixo do ifix, porém nos meses em que superou conseguiu ter retornos drasticamente superiores, assim no período como um todo apresentando uma média superior ao do ifix. O que justifica isso é que nos períodos de alta das distribuições o fundo eleva seus ganhos de capital com a venda de participação em fiis, pois se aproveita de trimestres de baixa para aumentar posições e/ou aproveita os momentos em que houve altas no mercado para se desfazer dos fiis em que a gestão considera como mais "caros", podendo voltar a se posicionar neles quando o mercado voltar a preços mais baixos. Como pode se observar nas imagens abaixo e que cabe o destaque para os períodos que são do 2T de 2020 e o 2T de 2019.

    

Rendimento por mês do período de abril de 2020 até março de 2021



Rendimento por mês do período de abril de 2019 até março de 2020


Abaixo segue o gráfico do ifix no período para comparação com os resultados em ganho de capital apresentados.

Gráfico do ifix no período do início de 2019 até hoje (18/04/2021)


A segmentação da distribuição do patrimônio em fundos passou por algumas mudanças no decorrer do histórico do HFOF11, sendo que houve períodos em que a gestora alocava boa parte do seu capital em fundos que investem em agências bancárias e shoppings, mas como a digitalização bancária vem fechando milhares de agências nos últimos anos e como shoppings, no geral, apresentaram péssimos resultados desde que se começou o período covid a gestora preferiu baixar a alocação nesses tipos de ativos, acompanhando o que a média do mercado em fiis vem fazendo. Uma coisa que pode se observar nos anos do HFOF11 é que o investimento no segmento corporativo sempre teve boa posição, buscando sempre investir em fundos que possuem em sua carteira empreendimentos corporativos de alto padrão em regiões bem localizadas. Existem em fiis investidos um somatório de 145 ativos diferentes, conforme imagem abaixo que apresenta sua segmentação.

Distribuição de ativos por segmentos investidos da carteira de fundos do HFOF11 em março de 2021

O que vale a pena observar e que considero que importante estar dando atenção ao investir em um fundo de fundos é o quanto alguns fundos fazem parte de seu portfolio, porque em alguns casos mesmo existindo alguma dezena de ativos em uma carteira são apenas menos de 10 ativos que representam 80% do resultado de um fundo. Abaixo apresenta-se os principais fiis investidos pelo fundo, mas gostaria que você desse atenção para os cinco primeiros fiis.

Participação em março de 2021 alocadas em fiis

Se pegarmos e somarmos a participação do patrimônio do fundo nesses 5 primeiros ativos temos uma participação de 48,3% do patrimônio, parte da metade do fundo vem alocado nesses 5 fiis, então para entender os riscos em que o HFOF11 passa é necessário no mínimo entendermos estes fiis.

1º Posição
HLOG11 é um fundo de logística da própria Hedge Investments que investe em empreendimentos ligados a logística e industrial, tem uma vacância atual de 17% porém esse resultado não impacta no fundo pois já tem a renda garantida pelos próximos 18 meses. Esse fundo teve yield de 0,54% no último mês e 6,63% no acumulado dos últimos 12 meses.

2º Posição
HAAA11 é outro fundo da Hedge Investiments, porém o foco deste fundo é investir na construção de empreendimentos, principalmente focado na construção de escritórios. Não há vacância nesse fundo no período observado e apresentou nesse último mês o yield de 0,51% com um acumulado de 2,62% nos últimos 12 meses(esse rendimento acumulado é devido ao fundo ter inaugurado em novembro de 2020, tendo assim apenas 5 pagamentos históricos). O fundo tem em sua carteira apenas um único empreendimento que é na região nobre de São Paulo, com locatários sendo grandes empresas. 

3º Posição
BBPO11 tem como gestão a BV Asset com o objetivo de investir na aquisição de agências e centros administrativos do Banco do Brasil, tendo com o objetivo alugar de volta ao próprio Banco do Brasil, com contratos de prazo inicial de 10 anos. Atualmente existem 64 imóveis na carteira de ativos do fundo em diversas áreas do Brasil. O yield do último mês foi de 0,94% e o acumulado foi de 11,24% nos últimos 12 meses. 

4º Posição
PQAG11 é gerido pela RB capital e foi constituído com a ideia de ser exclusivamente proprietário do complexo NASP, que é onde esta localizado a sede administrativa da empresa Natura e seu principal centro de distribuição. Seu yield no último mês foi de 0,54% e o acumulado foi de 9.96% em 12 meses.

5º Posição
o Fundo HGBS11 também é gerido pela Hedge Investments, o intuito deste fundo é atuar na aquisição e exploração comercial em participações de shoppings, desde que sejam em cidades acima de 500 mil habitantes e estejam em boas localizações. Seu yield do último mês foi de 0,19% e tem acumulado em 12 meses de 2,67%. Atualmente há 17 shoppings na carteira deste fundo.

O que também observo é que só olhando os fundos apresentados na última imagem que fazem parte do patrimônio, identifica-se pelo menos 6 fundos que fazem parte da própria gestão da Hedge Investments, representando algo aproximado de 38% do patrimônio. Isso me dá a impressão negativa que a gestora ganha duas vezes na atuação, sendo uma na taxa de administração do HFOF11 e outra na taxa de administração dos fundos aplicados sob sua gestão, e vejo isso como em outras palavras considerar que os próprios fundos de sua gestão são melhores para estarem dentro da composição de sua carteira do que os de outras gestoras no mercado, apesar de alguns deles eu observar como pontas de alto riscos pra carteira. Se olharmos o HAAA11, ele está representando uma importante posição na carteira (9,6%), não possui histórico nem de 1 ano ainda e é monoativo, com todo seu risco dentro desse empreendimento. Outro caso é o PQAG11, todo seu risco está na empresa Natura, que, apesar de ser uma excelente empresa e os contratos do fundo estarem com vencimento para 2032, possui seu baixo risco quanto ao devedor refletido no seu retorno.

Também gostaria de dar alguns pontos que me chamaram a atenção. A gestora Hedge tinha outros dois fundo de fundos na carteira, ambos acabaram incorporados e centralizados no HFOF11, ambas as incorporações, uma em 2019 e outra em 2020, visavam aumentar a liquidez para o cotista, reduzir as despesas e consequentemente terem ganhos de escala, mas sinto que com o aumento do fundo a gestora teve uma dificuldade em rentabilizar o patrimônio. Agora no relatório publicado em abril de 2021 a gestora afirma ter R$ 0,98 por cota de resultados acumulados e não distribuídos, o que  nos trás a dúvida de quando esse provento vai chegar na mão dos cotistas.
Acho também importante mencionar que em 2020 houve uma queda relevante no preço da cota no mês de agosto até final de setembro, representando pouco mais de 8% do valor da cota, ao que vinculo como motivo para isso a publicação de 10/08/2020 do relatório gerencial do fundo ao qual a gestora previa um provento médio de 0,50 mês para o próximo 1 ano de resultados, o que é um rendimento muito abaixo da média dos últimos anos, como pode se observar na figura abaixo.

Mensagem da gestora em agosto de 2020


Histórico da gestora em proventos 2018 até agora (18/04/2021)

Concluindo o artigo afirmo que acho interessante a realocação de ativos que ela faz acompanhando as altas e baixas do mercado, tendo ótimos retornos de capital em alguns ativos e aproveitando momentos em que considera que o mercado está caro ou barato. Agora em um período de incerteza quanto aos fundos imobiliários poderem acabar sendo penalizados devido ao crescimento da taxa selic acredito que a gestora vai conseguir captar ótimas fundos subavaliados e realizar investimentos naqueles que encareceram, trazendo ótimos ganhos de capital pros cotistas. Fico com um pé atrás quanto à seleção do portfolio dos fiis de maior participação do HFOF11, sendo que para um fundo de fundos eu espero que o fundamento mais importante que a gestora vai entregar é sua expertise para a seleção e alocação de bons fiis na sua carteira, mas o portfolio atual me trouxe alguns receios quanto a diversificação. Acho que para quem já é cotista do fundo vale a pena acompanhar de perto os resultados dos próximos meses para ver o que a gestora fará com os recursos que possui em caixa e que para quem está pensando em virar cotista, é interessante buscar estudar individualmente os fundos que estão dentro do portfolio principal e se perguntar "eu investiria nesses fundos?", já que investindo em HFOF11 você tem parte dos seus resultados esperados de acordo com os fundos investidos. 

E aí, investiria em HFOF11? Tem alguma sugestão de fundo para estarmos postando um artigo aqui no oráculo? Comenta aí e se inscreve para receber outros posts no email.

Comentários

  1. Esse eu tenho em carteira, dá até gosto de ler, valeu Oráculo!

    ResponderExcluir
  2. Também tenho ele na carteira, acredito na gestão da hdge

    ResponderExcluir
  3. Esta posição em BBPO é bastante questionável.

    ResponderExcluir
  4. Acho que o maior problema é ter um peso relevante do portfólio (38%) aplicado em outros fundos da própria gestora. Não pela taxa ade administração, que vai ser pagar de qq forma por quem estiver com a cota. Mas pela possibilidade de influenciar na cotação desses FIIs no mercado secundário a partir do momento que pode comprar grandes volumes e pelo fato de alocar 38% dos PL em alternativas menos rentáveis.

    ResponderExcluir

Postar um comentário