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Reduzir o valor total da dívida do financiamento?
Pagar um valor menor na parcela mensal do consignado?
Com certeza isso não parece a realidade do mercado de crédito brasileiro, mas existe uma maneira muito simples para conseguir isso: portabilidade de crédito.
O que é uma portabilidade de crédito?
Na área financeira existe a possibilidade de você estar transferindo a sua dívida de um banco para outro, esse tipo de operação foi melhor regulamentado pelo banco central em 2013, com o intuito de gerar maior competitividade de crédito, justamente beneficiando o usuário final: você.
A operação consiste em você estar encontrando uma instituição financeira concorrente que aceite comprar a sua dívida (já que é uma relação de dois lados, então a concorrente tem que se interessar no negócio também), simular as taxas que a concorrente poderia te obter para sua dívida, visando buscar a menor taxa possível, e então disponibilizar a documentação que a concorrente te solicitará para iniciar o processo. A portabilidade de crédito é um negócio lucrativo tanto para você como para o banco que você porta.
Em que tipos de dívidas isso se encaixa?
A resolução 4.292 de 2013 do banco central regula que qualquer operação de crédito pode ser transferida, porém na prática a maior parte dos bancos só se interessa em dois tipos de dívidas para serem portadas: consignado e financiamento imobiliário.
Tanto o consignado INSS como o consignado público (de prefeituras, órgãos estatais, etc..) são bastante trabalhados por bancos no quesito de portabilidade, pois são mais lucrativas em curto prazo e apresentam um risco menor de calote, já que no consignado INSS somente o falecimento do cliente evitaria o pagamento e no público, fora o falecimento, uma exoneração do funcionário poderia por em risco o pagamento. Já o financiamento imobiliário por ter a possibilidade de reter um correntista por um longo período de prazo, porque para os bancos o seu maior interesse é segurar um cliente pelo máximo período que puder junto, para assim tentar rentabilizar o cliente com outros produtos e serviços, e também, é claro, pela garantia real do imóvel que pode ser tomado pelo banco.
Para seguir no artigo vou criar uma situação hipotética em um financiamento imobiliário e com um cálculo grosseiro e simples usando a calculadora do DrCalc para exemplificar, também estarei ignorando alguns custos e despesas em uma situação de financiamento imobiliário. Assim a situação hipotética seria de um cidadão financiando um crédito de R$ 250.000,00 para ser pago em 30 anos com uma taxa de juros negociada de 8% ao ano utilizando o sistema PRICE(sistema onde a prestação mensal é fixa) de financiamento.
O resultado nos traria uma prestação mensal de R$ 1.785,99 e um somatório de dívida em prestações a pagar de R$ 641.176,94 (pagando na data das parcelas mensalmente), assim como ilustra a figura 1 e 2.
figura 1
figura 2
Então o cidadão após passar 1 ano pagando acaba descobrindo a possibilidade de portar seu financiamento imobiliário, podendo diminuir sua dívida, para outro banco. Assim conversando na concorrência eles ofertam uma taxa de 6.90% ao ano para portar sua dívida do financiamento e lhe questionam seu saldo devedor, que ao solicitar para seu banco ele descobre ser de R$ 247.408,61 (sendo que já está descontado esse 1 ano que o cidadão pagou) da dívida. Voltando ao concorrente com a informação ele recebe a proposta de, mantendo a quantidade de parcelas que faltam, 348 parcelas a pagar no valor de R$ 1.612,37 e um somatório de dívida em prestações a pagar de R$ 561.101,54, como ilustra a figura 1 e 2.
O cidadão então simplesmente por ter portado sua dívida conseguiu reduzir mensalmente uma despesa financeira em R$ 173,62 e no total de sua dívida R$ 80.075,40. Essa mesma operação se encaixa para os créditos consignados, que conseguem ser facilmente portado entre bancos com valores menores do que estão sendo pagos atualmente.
O cálculo mesmo de maneira grosseira consegue pegar a realidade de milhares de contratos de créditos que alguns bancos possuem em poder e que muitos cidadãos pagam taxas maiores que a citada no exemplo, casos até de 11-12% ano em financiamento e 2,5% até 3% mês em crédito consignado. Para a realidade desse cidadão foi uma ótima economia, não?
Mas, o negócio não era lucrativo para os bancos também? Explica aí!
Sob a ótica dos bancos, desde que foi expedido essa resolução em 2013 alguns bancos criaram atenções especiais e departamentos focados na compra dessas dívidas, além de terem surgido instituições praticamente especializadas e focadas nisso, que por mais que forneçam outros produtos e serviços financeiros a compra de dívida é seu principal business. Afinal, isso também é muito lucrativo para a concorrência que compra o crédito, não somente por em muitos casos ganhar um correntista novo e ter, como já citado, a possibilidade de ofertar produtos e serviços para ele, o banco estará ganhando muito bem com a operação também.
Como assim?
Ainda me utilizando da situação hipotética, ao receber o pedido do cidadão para a compra da dívida o banco solicita o saldo devedor, que nada mais é do que o valor líquido para quitar a dívida no momento da consulta. Após ter negociado com o cidadão a taxa, que no caso foi 6,90% e dado os procedimentos documentais, o banco realiza a operação. A operação consiste em pagar a dívida do cidadão na concorrência pelo valor do saldo devedor, que no caso citado era de R$ 247.408,61. Então após pago gera a operação nova, que agora o cidadão possui uma dívida total em prestações a pagar de R$ 561.101,54, essa diferença entre o que ele usou para pagar o saldo devedor e o que ele pagará em prestações vai ser o lucro do banco na operação, sendo no valor de R$ 313.692,93 para a operação citada.
A portabilidade de crédito, principalmente observando o histórico do Brasil nos últimos 6 anos, para quem assumiu dívidas no consignado e financiamento imobiliário entre o final de 2015 e começo de 2017, onde as taxas de financiamento imobiliários giravam na faixa de 12-13% ao ano e os consignados giravam em torno de 2,3% ao mês e agora são possíveis serem portados às taxas de 1,3% ao mês, é uma excelente opção para não ser otário e estar economizando.
E aí, você tem alguma dívida do tipo, possui um parente ou amigos que possa estar indicando portar o crédito? Se sim, compartilhem a dica para eles.
Comentários
Excelente dica, Oráculo!
ResponderExcluirVejo bastante gente começando a investir e ao mesmo tempo pagando empréstimos... Assim a conta não fecha legal, o ideal é ser agressivo com o empréstimo antes, fazer de tudo para finaliza-lo...
One, faço das suas palavras as minhas, acho sempre viável pras pessoas que possuem financiamentos e dívidas de crédito estarem usando sobras de recursos para anteciparem parcelas, é difícil achar um investimento no mercado - com segurança - que vai "rentabilizar" esse recurso tão bem quanto abater em parcelas para reduzir o saldo devedor.
ExcluirEu tenho um financiamento imobiliário, mas é do programa minha casa minha dívida, então acho improvável conseguir juros menores, mas a dica é boa, temos sempre que buscar as oportunidades.
ResponderExcluirSalvo juros beneficamente subsidiados pelo governo, financiamento é jogar dinheiro no lixo
ResponderExcluirOs bancos nunca perdem dinheiro, pois eles emprestam o dinheiro que não possuem (alavancagem)
Abs
Acho que o mais inportante é o prazo do financiamento. Nesse caso, uma portabilidade ideal seria o banco te oferecer trocar o seu financiamento a de 30 anos a 7%aa por outro de 25 anos a 6,9%aa, por exemplo. Só um exemplo que chutei, não fiz a conta. Mas, enfim, o prazo exerce efeito exponencial sobre o saldo devedor.
ResponderExcluirAssim, acho necessário prestar atenção à portabilidade: se eu já estou pagando há 2 anos o meu financiamento de 30 anos, o banco que fizer a portabilidade vai resetar o meu prazo de volta para 30 anos ou vai considerar que é de 28 porque eu já estou há 2 anos pagando? Isso é importante.
Mago.
ExcluirDessa forma reduzindo tempo e taxa não teria atratividade pro outro lado - o banco -, ai seria uma operação inviável. A portabilidade quando é feita se mantém o mesmo prazo quando chega no outro banco, então se faltava 28 anos vai continuar faltando os mesmos 28 anos. É claro, dá para o cliente refinanciar alguns tipos de contratos, então ele recomeça a pagar desde o começo mas em compensação retira um valor disso, também comum em bancos.
Imaginei que não fosse ser atrativo para o banco. Talvez mantendo a taxa mas diminuindo o prazo... de qualquer maneira, ainda bem que isso não me pertence mais. Se Deus quiser, financiamento nunca mais, ou então só de 10 anos, 15 no máximo.
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