SNFF11 - O QUE ESPERAR DO FUNDO DA SUNO? VALE A PENA?


A POSTAGEM NÃO TEM INTUITO DE RECOMENDAR COMPRA OU VENDA DO ATIVO CITADO E O LEITOR DEVE TOMAR SUA PRÓPRIA DECISÃO DE ACORDO COM SEUS ESTUDOS PESSOAIS, SENDO QUE ESSA POSTAGEM É UMA JUNÇÃO DE FATOS DE RELATÓRIOS DISPONIBILIZADOS NA PÁGINA DO FUNDO E OPINIÃO PESSOAL DO  AUTOR, A IDEIA É APENAS INFORMAR E COMPARTILHAR CONHECIMENTO.

O assunto desse pequeno artigo são observações e nossa opinião quanto ao fundo que estará sendo lançado no mercado a partir de maio de 2021, o fundo SNFF11 da gestora SUNO ASSET. 

Para começo do artigo gostaria de ressaltar que as informações quanto ao fundo existentes no momento ao qual escrevo se limitam a comentários do grupo SUNO, seja através de postagens e vídeos entrevistas, e do prospecto de lançamento do fundo, que pode ser visualizado clicando aqui

O FUNDO

O fundo será do tipo de Fundo de Fundos, onde terá como o objetivo principal o investimento em fundos da área imobiliária e, complementarmente, em ativos de categoria imobiliária (como CRIS, LH, LCI, Ações, etc) permitidas a qualquer fundo. A ideia da gestora para a geração de receita do fundo é que em 70% até 80% seja de ganho de renda (com o recebimento de proventos de outros fundos) e 20% até 30% seja de ganho de capital (com a compra e venda de cotas de outros fundos). Para isso o projetado inicial da suno é que o fundo estará tendo um retorno ano de 7,34%, o que a grosso modo seria na casa de 0,62% mensalmente, contando que tudo se mantivesse constante. A remuneração da gestora se dará através de uma taxa de administração de 0,78% (sendo que disso 0,6% irá para gestora, 0,13% para a administração fiduciária e 0,05% para a escrituração de cotas), além disso essa taxa de administração será cobrada de acordo com o patrimônio líquido do fundo. Outra forma de remuneração da gestora será a taxa de performance, que será de 10% de tudo que exceder o rendimento do IFIX. Com o lançamento no mercado o interesse é de se captar R$ 250.000.000,00 com uma cota de lançamento de R$ 100,00. Para o desenvolvimento e manutenção do portfolio do fundo, a gestora estará se baseando na expertise da suno research através de seus relatórios.

A GESTORA E O GRUPO SUNO

A Suno Asset foi lançada esse ano, sendo que o SNFF11 será seu primeiro fundo e sua primeira gestão de recursos. Ela é ligada do grupo Suno, que possui a casa de análise Suno research e provavelmente você conheça ou já tenha visto propagandas em outras mídias com as apresentações do Tiago Reis. Apesar de alguns investidores terem imaginado que a gestão se daria por parte dos principais nomes da Suno Research, como o próprio Tiago Reis ou o Marcos Baroni, na verdade a Asset, por implicações legais (é claro), foi segregada da Research e possui uma equipe apenas destinada à gestão de recursos, que, de acordo com o próprio site da Suno, são uma equipe experiente na área de asset management (gestão de recursos de terceiros). O CIO atual da Suno Asset é o Vitor Duarte, que acho que necessita uma pequena menção no artigo.

Victor Duarte, CIO

Victor é um economista que atuou na gestão do BCRI11, um fundo ao qual participou desde a sua criação, em 2015, e que faz parte do banco Banestes. O fundo sempre seguiu o objetivo de estar alocado em recebíveis imobiliários, sempre tendo o seu foco em CRIS, pois a expertise da gestão e do banco é na parte de crédito. 

O grupo Suno atualmente possui então o braço de análise, sendo a suno research, uma parte de mídia informativa, com a suno notícias, e agora a asset, para gestão de recursos. Seu carro chefe do grupo é a casa de análise, que hoje está em várias mídias diferentes - como youtube, instagram - e vende assinaturas com carteiras recomendadas e relatórios mensais/semanais, tanto na área de ações, mercado internacional ou fundos imobiliários. 

CONSIDERAÇÕES

Alguns pontos me chamaram a atenção no prospecto, como a parte em que menciona a rentabilidade projetada e a parte em que a gestora vai estar buscando opções para o portfolio com as análises da research da suno. A rentabilidade de 7,34% não é uma rentabilidade elevada, sendo que temos mais de 40 outros fundos imobiliários de tipos variados dentro da carteira do ifix batendo essa rentabilidade, e não é uma rentabilidade baixa também, também tendo quase 20 fundos imobiliários na carteira ifix que não atingem isso (é claro, tudo isso apenas observando o yield de 12 meses, sem qualquer outras informações como base). Então baseado nessa rentabilidade não acredito que a gestão terá uma parte tão ativa em ganhos de capital, tendo um foco muito maior em ter uma geração de valor para o cotista no longo prazo pela perenidade e controle de riscos, tendo ganhos de receita advindos de um portfolio de fundos com estratégias de menor risco, ou seja, vão estar na distribuição que vão alocar entre fundos de tijolos, papel, lajes corporativas, etc.. irão buscar aqueles de high grade (menor risco de crédito) e provavelmente a maior porcentagem de participação vai ser fundos de papel - especialidade da gestão -.

O Segundo ponto é que a busca da própria research da suno para seus informativos, como segue imagem abaixo do prospecto.

Página 161 do prospecto

Dentro da suno o que se pode observar quanto ao universo de fundos imobiliários é além das carteiras e dos relatórios feitos pelo Baroni é interessante observar o Suno30 FIIS.

O Suno30 é um índice criado pela suno com intuito de oferecer um indicador com melhor eficiência do que o ifix, sendo que ele possui uma composição menor, sendo 30, e segue alguns critérios para poder elencar seu portfolio. A escolha de participação é de acordo com o tamanho do patrimônio e reajustado trimestralmente.

  • no mínimo um pagamento de provento nos últimos 12 meses
  • faz parte do ifix
  • não pode ser um fundo de fundos
  • não pode ser monoativo
A composição atual do fundo é distribuída de forma igual, sendo 3,33% a participação de cada fundo dentro do índice.


Composição atual suno30 (25/04/2021)

Mas que importância tem o suno30 para o SNFF11?
Com minha bola de cristal, acredito que o suno30 vai ser, assim como os relatórios e análises da research, uma carteira que a gestão vai estar estudando seus fundos para estar encontrando bons ativos a bons preços para fazerem parte da composição do SNFF11. Um ponto que alguns cotistas ficaram em dúvida é entre a diferença que o SNFF11 terá de seu concorrente KISU11. Esse fundo KISU11 foi criado pela gestora Kilima com o seu principal objetivo de replicar, através de uma gestão passiva, a movimentação do índice SUNO30, a composição dele possui mais de 80% dos mesmos ativos do índice com posição de distribuição similar ao índice. Acho interessante mencionar que apesar deste fundo não ter apresentado nenhum tipo de rendimento acima da média, ele hoje (25/04/21) vem sendo negociado com p/vp de 1,48, que não sei se é uma irracionalidade dos cotistas ou uma expectativa de grande crescimento do fundo. Mas voltando a linha principal do raciocínio, o KISU11 obrigatoriamente por sua política segue o suno30, sendo que o SNFF11 não necessariamente precisará seguir os ativos do índice.

Um ponto que vi como negativo do fundo é que, para quem acompanha o material da Suno, a casa de análise costumava criticar fortemente o tipo de remuneração à gestão dos fiis, que normalmente é feito a cobrança da taxa de administração sobre o patrimônio líquido do fundo. O que se vê em alguns materiais da suno, como em vídeos do youtube, é a afirmação que a taxa de administração deveria ser cobrada sobre os rendimentos do fundo ou sobre o valor de mercado, pois assim incentivaria a gestão a criar valor para o cotista. Embora esse foi um mantra sempre repetido, não é o que está sendo visto na prática agora que o grupo vai ter sua primeira administração. O que leva a questionar o quantas outras filosofias de investimento entre a asset e a research serão diferentes. Concluo que para o investidor prudente valeria a pena esperar o lançamento dos primeiros relatórios gerenciais, para estar olhando como será a estratégia da gestão e que composição eles montarão para a carteira, assim evitando de entrar às cegas em um ativo sem histórico de uma gestão também sem histórico ainda. Também vale a pena, para quem é assinante da Suno, observar o quanto relacionado vai ter o portfolio com a carteira indicada pela research, porque caso realmente haja uma grande correlação vai dar para estar antecipando os movimentos que a gestão fará com o fundo e para que caminho seguirá.

E aí, você vai estar virando cotista do SNFF11? Se tiverem interesse que seja postado sobre algum fundo específico, deixem um comentário solicitando!!

Comentários

  1. "Apenas depois que o ativo já tiver sido recomendado iremos consumir aquela informação para tomar a decisão se alocaremos naquele ativo..."
    Mesmo que seja verdade, quanto tempo depois? 12:00:00 h sai a recomendação; 12:00:01h compram o ativo e esperam a sardinhada correr atrás e elevar o preço?
    Sei lá... a isenção fica muito comprometida.

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    Respostas
    1. Exato, tenho esse mesmo questionamento que você, Paulão. Quero é acompanhar de perto como essa gestão vai ser feita, se ela vai buscar o melhor pro cotista, estando sempre buscando ativos de valor, ou se simplesmente vai trabalhar replicando as carteiras recomendadas da suno e sendo só mais um negócio lucrativo para o grupo suno.

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  2. Eric, sou assinante da Suno e estou muito satisfeito com os relatórios. Para mim, o ponto positivo principal fica pela parte de educação do investidor, com muito conteúdo gratuito e que "ensina a pescar" e a questionar. Outras casas de análise acabam propagando a ideia de ganho rápido com ação mais barata, multiplicar por 10x, etc. Ou ainda com algum conteúdo gratuito mas, quando você vai ver, é só um "click bait" para vender curso ou relatórios.

    Por outro lado, fico com os dois pé atrás quando eles se propõe a gerir ativos, pois entendo que a independência das análises fica sob suspeita, mesmo sendo uma equipe independente.

    O longo prazo é que vai dizer se eles conseguirão de fato mostrar resultados melhores do que a média.


    Sucesso,

    Abraço

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